quinta-feira, 8 de julho de 2010

Dissidente cubano abandona greve de fome

Dissidente cubano abandona greve de fome
O dissidente cubano Guillermo Fariñas abandonou hoje a greve de fome que começou há mais de quatro meses perante o compromisso do Governo de Raúl Castro de libertar 52 presos políticos, cinco dos quais serão libertados de forma iminente e viajarão à Espanha nos próximos dias.
Após um jejum que hoje completou 134 dias, Fariñas decidiu adiar seu protesto em meio ao prazo dado, para a libertação gradual de todos os detidos que ficavam na prisão do 'Grupo dos 75', que foram condenados após a onda repressiva da "Primavera Negra" de 2003.
O psicólogo e jornalista independente de 48 anos anunciou o abandono de seu jejum em comunicado assinado perante uma comissão de membros de organizações dissidentes, que lhe visitou nesta quinta-feira no hospital da cidade de Santa Clara, onde estava internado desde 12 de março.
Guillermo Fariñas começou sua greve de fome após a morte do preso político Orlando Zapata, no mês de fevereiro, para exigir a liberdade dos opositores presos que estão doentes.
Fariñas depõe seu protesto em estado crítico, já que sua saúde se agravou nos últimos dias. Sua decisão coincidiu com o anúncio dos nomes dos primeiros cinco presos a ficar em liberdade: Antonio Villarreal Acosta, Lester González Pentón, Luis Milán Fernández, José Luis García Paneque e Pablo Pacheco Ávila, segundo a Igreja Católica cubana.
Em comunicado, o Arcebispado de Havana assinala que estes opositores "poderão sair rumo à Espanha nos próximos dias".
De acordo com fontes da dissidência, o próprio cardeal Jaime Ortega, arcebispo de Havana, se pôs em contato telefônico com estes presos para comunicá-los da libertação.
Além disso, o Governo de Raúl Castro comunicou hoje à Igreja que outros seis presos políticos serão transferidos a centros penitenciários de suas províncias de origem.Estas ações são fruto do processo de diálogo da Igreja Católica da ilha com o Governo de Raúl Castro aberto no mês passado de maio.
As gestões da hierarquia católica da ilha contaram com o apoio e "acompanhamento" do Governo espanhol, cujo ministro de Exteriores, Miguel Ángel Moratinos, culminou ontem uma visita a Cuba com o anúncio destas libertações.O chanceler espanhol anunciou na quarta-feira que os 52 presos poderão viajar à Espanha "se assim o desejarem" acompanhados de suas famílias.
Um dos aspectos destas libertações que não ficou plenamente claro é se estes opositores terão que abandonar Cuba de forma obrigada.
De fato, alguns membros da dissidência interna da ilha e organizações criticaram que se condicione a liberdade ao "expatrio".
O anúncio da libertação destes 52 presos políticos em Cuba continuou hoje suscitando reações internacionais, entre elas a da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que a vê "tardia", mas "positiva".
Tanto Hillary como a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, cumprimentaram Moratinos pelas gestões para facilitar essas libertações.
Catherine disse confiar, além disso, que o processo de diálogo conduzirá a "uma solução permanente" na ilha.A França também comemorou o anúncio por ser "um gesto muito significativo" das autoridades cubanas e porque as libertações vão "no sentido das expectativas francesas e europeias".
Por sua parte, a Anistia Internacional (AI) pediu ao Governo cubano que ponha em liberdade todos esses reclusos imediatamente em vez de fazê-lo gradualmente. (UOL) congresso em foco

Nenhum comentário: