quarta-feira, 20 de março de 2013

Senado aprova em 1º turno ampliação de direitos de doméstico

                                                                    
 
Proposta que estabelece adicional noturno, jornada de 8 horas e FGTS deve ter votação final na semana que vem
Não há consenso, no entanto, se novos benefícios terão aplicação imediata após promulgação da PEC
GABRIELA GUERREIROCAROLINA OMSDE BRASÍLIA
Por unanimidade, o Senado aprovou ontem, em primeiro turno, a proposta que amplia os direitos das empregadas domésticas brasileiras.
Para que as regras entrem em vigor, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) precisa passar por nova votação dos senadores, o que deve ocorrer na próxima semana. Depois de aprovada, a proposta vai para promulgação.
A PEC concede novos direitos aos domésticos, como adicional noturno, hora extra, jornada máxima de oito horas diárias e FGTS obrigatório.
Terão direito aos benefícios todos os que prestam serviços domésticos, como jardineiros, motoristas e babás.
A proposta revoga o artigo 7º da Constituição e deixa de segregar os direitos dos domésticos em relação a outros trabalhadores.
Entre os novos benefícios estendidos às domésticas, estão auxílio-creche e pré-escolar, assim como seguro contra acidentes de trabalho.
"O Parlamento não pode fazer leis como uma indústria faz um produto. Hoje estamos garantindo a celeridade que a sociedade nos cobra", disse o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Os senadores mantiveram o texto aprovado pela Câmara. Só fizeram uma emenda de redação que torna claro o direito a licença-maternidade de quatro meses para as empregadas domésticas.
Foram 70 votos a favor, nenhum contrário ou abstenção -fato que não é comum no Senado.
Alguns congressistas compararam a PEC a conquistas históricas do país, como a abolição da escravatura. A ministra Eleonora Menicucci (Secretaria das Mulheres) acompanhou a votação no plenário do Senado.
REGULAMENTAÇÃO
Embora a PEC não exija sanção presidencial, há divergência de especialistas sobre o prazo para as mudanças entrarem em vigor. Não está prevista a regulamentação de parte dos novos benefícios, como o pagamento de horas extras, mas alguns exigem regras específicas.
Ricardo Guimarães, mestre em direito do trabalho e professor da pós-graduação da PUC-SP, disse que a lei pode causar uma "grande confusão na jurisprudência [entendimento consolidado entre os juízes]".
"Como controlar a jornada? No caso de um processo, por trabalhar dentro de casa, a doméstica não teria testemunha que comprove as horas excedidas."
O presidente da ONG Doméstica Legal, Mario Avelino, também ressalta a especificidade do trabalho doméstico, questionando como seria cobrada hora extra de um caseiro. O Ministério do Trabalho só vai se pronunciar sobre o tema depois de sua aprovação definitiva no Senado.
Relatora da PEC no Senado, Lídice da Mata (PSB-BA) considera que itens como hora extra e redução dos riscos no trabalho não precisariam de regulamentação.
Só direitos como a obrigatoriedade do recolhimento do FGTS, o seguro-desemprego, o salário-família e a remuneração do trabalho noturno superior ao diurno, segundo ela, precisariam de regulamentação posterior.
Autor da proposta, o deputado Carlos Bezerra (PMDB- MT) considera que praticamente todos os direitos entram em vigor a partir da aprovação da PEC

Nenhum comentário: