NO
INFERNO - O empresário Marcos Valério, na porta da escola do filho, em Belo Horizonte,
na última quarta-feira: revelações sobre o escândalo(CRISTIANO MARIZ/VEJA)
Faltavam catorze minutos para as 7 da manhã da
última quarta-feira quando o empresário Marcos Valério, o pivô financeiro do
mensalão, parou seu carro em frente a uma escola, em Belo Horizonte. Alvo das
mais pesadas condenações no julgamento que está em curso no Supremo Tribunal
Federal (STF), ele tem cumprido religiosamente a tarefa de levar o filho todos
os dias ao colégio. Desce do carro, acompanha o menino até o portão e se
despede com um beijo no rosto. Chega mais cedo para evitar ser visto pelos outros
pais e alunos e vai embora depressa, cabisbaixo. "O PT me transformou em
bandido", desabafa. Valério sabe que essa rotina em breve será
interrompida. Ele é o único dos 37 réus do mensalão que não tem um átimo de
dúvida sobre seu futuro. Na semana passada, o publicitário foi condenado por
lavagem de dinheiro, crime que acarreta pena mínima de três anos de prisão.
Computadas as punições pelos crimes de corrupção ativa e peculato, já
decididas, mais evasão de divisas e formação de quadrilha, ainda por julgar, a
sentença de Marcos Valério pode passar de 100 anos de reclusão. Mesmo com todas
as atenuantes da lei penal brasileira, não é improvável que ele termine seus
dias na cadeia. Valério tem culpa no cartório, mas fica evidente que ele está
carregando sobre os ombros uma carga penal que, por justiça, deveria estar mais
bem distribuída entre patentes bem mais altas na hierarquia do mensalão. É isso
que mais martiriza a alma de Valério neste momento, uma dor que ele tenta
amenizar lembrando, sempre que pode, que seu silêncio sobre os responsáveis
maiores acima dele está lhe custando muito caro.
Apontado como o responsável pela engenharia
financeira que possibilitou ao PT montar o maior esquema de corrupção da
história, Valério enfrenta um dilema. Nos últimos dias, ele confidenciou a
pessoas próximas detalhes do pacto que havia firmado com o partido. Para
proteger os figurões, conta que assumiu a responsabilidade por crimes que não
praticou sozinho e manteve em segredo histórias comprometedoras que testemunhou
quando era o "predileto" do poder. Em troca do silêncio, recebeu
garantias. Primeiro, de impunidade. Depois, quando o esquema teve suas
entranhas expostas pela Procuradoria-Geral da República, de penas mais brandas.
Valério guarda segredos tão estarrecedores sobre o mensalão que não consegue
mais reter só para si - mesmo que agora, desiludido com a falsa promessa de
ajuda dos poderosos que ele ajudou, tenha um crescente temor de que eles possam
se vingar dele de forma ainda mais cruel. Os segredos de Valério, se revelados,
põem o ex-presidente Lula no epicentro do escândalo do mensalão. Sim, no
comando das operações. Sim, Lula, que, fiel a seu estilo, fez de tudo para não
se contagiar com a podridão à sua volta, mesmo que isso significasse a morte
moral e política de companheiros diletos. Valério teme, e fala a pessoas
próximas, que se contar tudo o que sabe estará assinando a pior de todas as
sentenças - a de sua morte: "Vão me matar. Tenho de agradecer por estar
vivo até hoje".
DE
OLHO NO PASSADO - Preso duas vezes desde que eclodiu o escândalo, o empresário
Marcos Valério hoje despreza e teme os mensaleiros que ajudou(Paulo
Filgueiras/D.A.Press/VEJA)
Sua
mulher, Renilda Santiago, já tentou o suicídio três vezes. Há duas semanas, ela
telefonou a uma amiga para dizer que iria a um reduto do tráfico encravado na
região central de Belo Horizonte comprar uma arma. Avisou que havia decidido
dar um tiro na cabeça. Renilda está mergulhada em crise aguda de depressão. Os
dois filhos do casal vivem dramas à parte. Meses atrás, o menino, de 11 anos,
tentou fazer um teste de admissão em uma escola mais perto de casa, mas a
diretora nem deixou o garoto começar a prova. A direção da escola não queria
entre seus alunos o filho de Marcos Valério. A filha mais velha, de 21 anos,
passou por constrangimentos cruéis. Em um debate na faculdade de psicologia, o
assunto escolhido pelos colegas
constrangimentos cruéis. Em um
debate na faculdade de psicologia, o assunto escolhido pelos colegas foi
justamente o comportamento do pai dela. Humilhada, ela saiu da sala. Chega a
ser assustador, mesmo que previsível, que as pessoas esqueçam a mais consagrada
prática cristã, civilizada e jurídica - a de que os filhos não devem pagar
pelos erros dos pais. Marcos Valério sofre de síndrome do pânico e praticamente
não prega os olhos à noite. Sobre o PT e seus antigos parceiros ele vem
dizendo: "Eu detesto esse pessoal. Esse povo acabou com a minha vida, me
fez de um tamanho que eu não sou. O PT me fez de escudo, me usou como um boy de
luxo. Mas eles se ferraram porque agora vai todo mundo para o ralo". O
medo ainda constrange Marcos Valério a limitar suas revelações a pessoas
próximas. Até quando?
Mensalão
"O caixa do PT foi de 350 milhões de reais"
PARCERIA
- O ex-ministro José Dirceu começa a ser julgado nesta semana. Valério diz que
ele era o braço direito do ex-presidente no esquema(Marcos
de Paula/AE/VEJA)
A acusação do
Ministério
Público Federal sustenta que o mensalão foi abastecido com 55 milhões de reais
tomados por empréstimo por Marcos Valério junto aos bancos Rural e BMG, que se
somaram a 74 milhões desviados da Visanet, fundo abastecido com dinheiro
público e controlado pelo Banco do Brasil. Segundo Marcos Valério, esse valor é
subestimado. Ele conta que o caixa real do mensalão era o triplo do descoberto
pela polícia e denunciado pelo MP. Valério diz que pelas arcas do esquema
passaram pelo menos 350 milhões de reais. "Da SMP&B vão achar só os 55
milhões, mas o caixa era muito maior. O caixa do PT foi de 350 milhões de
reais, com dinheiro de outras empresas que nada tinham a ver com a SMP&B
nem com a DNA", afirma o empresário. Esse caixa paralelo, conta ele, era
abastecido com dinheiro oriundo de operações tão heterodoxas quanto os
empréstimos fictícios tomados por suas empresas para pagar políticos aliados do
PT. Havia doações diretas diante da perspectiva de obter facilidades no
governo. "Muitas empresas davam via empréstimos, outras não." O
fiador dessas operações, garante Valério, era o próprio
presidente da República.
Lula teria
se empenhado pessoalmente na coleta de dinheiro para a engrenagem clandestina,
cujos contribuintes tinham algum interesse no governo federal. Tudo corria por
fora, sem registros formais, sem deixar nenhum rastro. Muitos empresários,
relata Marcos Valério, se reuniam com o presidente, combinavam a contribuição e
em seguida despejavam dinheiro no cofre secreto petista. O controle dessa
contabilidade cabia ao então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, que é réu
no processo do mensalão e começa a ser julgado nos próximos dias pelos crimes
de formação de quadrilha e corrupção ativa. O papel de Delúbio era, além de
ajudar na administração da captação, definir o nome dos políticos que deveriam
receber os pagamentos determinados pela cúpula do PT, com o aval do ex-ministro
da Casa Civil José Dirceu, acusado no processo como o chefe da quadrilha do
mensalão: "Dirceu era o braço direito do Lula, um braço que
comandava". Valério diz que, graças a sua proximidade com a cúpula petista
no auge do esquema, em 2003 e 2004, teve acesso à contabilidade real. Ele conta
que a entrada e a saída de recursos foram registradas minuciosamente em um
livro guardado a sete chaves por Delúbio. Pelo seu relato, o restante do
dinheiro desse fundão teve destino semelhante ao dos 55 milhões de reais
obtidos por meio dos empréstimos fraudulentos tomados pela DNA e pela
SMP&B. Foram usados para remunerar correligionários e aliados. Os valores
calculados por Valério delineiam um caixa clandestino sem paralelo na política.
Ele fala em valores dez vezes maiores que a arrecadação declarada da campanha
de Lula nas eleições presidenciais de 2002.
O presidente
"Lula era o chefe"
PASSADO
SOMBRIO - E a tese de que o mensalão não existiu? Valério mostra que Lula não
estava sendo fiel aos companheiros, mas tentando salvar a si próprio. Típico(Diogo Moreira/Folhapress/VEJA)
A
ira de Marcos Valério desafia a defesa clássica do ex-presidente Lula de que
não sabia do mensalão e nada teve a ver com o esquema arquitetado em seu
primeiro mandato. Com a segurança de quem transitava com desenvoltura pelos
gabinetes oficiais, inclusive os palacianos, e era considerado um parceiro
preferencial pela cúpula petista, Valério afirma que Lula "comandava
tudo". Em sua própria defesa, diz que como operador dos pagamentos não
passava de um "boy de luxo" de uma estrutura que tinha o então
presidente no topo da cadeia de comando. "Lula era o chefe", repete
Valério às pessoas mais próximas. A afirmação se choca com todas as versões
apresentadas por Lula desde que o esquema foi descoberto, em 2005. Primeiro,
escudou-se no argumento de que tudo não passou do uso de dinheiro "não
contabilizado" que havia sobrado das campanhas políticas, prática
suprapartidária e recorrente na
política brasileira - não por acaso tem sido essa a estratégia de defesa dos
mensaleiros no STF. Num segundo momento, Lula se disse traído e pediu desculpas
à nação em rede de televisão.
A rota de
fuga de Lula evoluiu mais tarde para a negação completa, com a tese nefelibata
de que o mensalão nunca existiu, tendo sido apenas uma armação das elites para
abreviar seu mandato. A narrativa de Valério coloca Lula não apenas como
sabedor do que se passava, mas no comando da operação. Valério não esconde que
se encontrou com Lula diversas vezes no Palácio do Planalto. Ele faz outra
revelação: "Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar.
Ele dizia vamos lá embaixo, vamos". O Zé é o ex-ministro José Dirceu, cujo
gabinete ficava no 4º andar do Palácio do Planalto, um andar acima do gabinete
presidencial. A frase famosa e enigmática de José Dirceu no auge do escândalo -
"Tudo que eu faço é do conhecimento de Lula" - ganha contornos
materiais depois das revelações de Valério sobre os encontros em palácio.
Marcos Valério reafirma que Dirceu não pode nem deve ser absolvido pelo Supremo
Tribunal, mas faz uma sombria ressalva. "Não podem condenar apenas os
mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não
falamos", disse, na semana passada, em Belo Horizonte. Indagado, o
ex-presidente não respondeu.
Pacto
"Meu contato era o Okamotto"
O CARA -
Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto funcionava como elo entre Marcos
Valério e o PT(Eduardo Knapp/Folhapress/VEJA)
Há
menos de dois meses, VEJA revelou a existência de encontros secretos entre
Marcos Valério e Paulo Okamotto, petista estrelado que desempenha a tarefa de
assessor financeiro, ou tesoureiro, de Lula. Procurado para explicar por que se
reunia com o principal operador do mensalão, Okamotto disse que os encontros
serviam apenas para discutir política. Não, não era bem assim. Marcos Valério
tinha um pacto com o PT, e Paulo Okamotto era o fiador desse pacto. "Eu
não falo com todo mundo no PT. O meu contato com o PT era o Paulo
Okamotto", disse Valério em uma conversa reservada dias atrás. É o próprio
Valério quem explica a missão de Okamotto: "O papel dele era tentar me
acalmar". O empresário conta que conheceu o Japonês, como o petista é
chamado, no ápice do escândalo. Valério diz que, na véspera de seu primeiro
depoimento à CPI que investigava o mensalão, Okamotto o procurou. "A
conversa foi na casa de uma funcionária minha. Era para dizer o que eu não
devia falar na CPI", relembra. O pedido era óbvio. Okamotto queria evitar
que Valério implicasse Lula no escândalo. Deu certo durante muito tempo. Em troca
do silêncio de Valério, o PT, por intermédio de Okamotto, prometia dinheiro e
proteção. A relação se tornaria duradoura, mas nunca foi pacífica. Em momentos
de dificuldade, Okamotto era sempre procurado. Quando Valério foi preso pela
primeira vez, sua mulher viajou a São Paulo com a filha para falar com
Okamotto. Renilda Santiago queria que o assessor de Lula desse um jeito de
tirar seu marido da cadeia. Disse que ele estava preso injustamente e que o PT
precisava resolver a situação. A reação de Okamotto causa revolta em Valério
até hoje. "Ele deu um safanão na minha esposa. Ela foi correndo para o
banheiro, chorando." O empresário jura que nunca recebeu nada do PT. Já a
promessa de proteção, segundo Valério, girava em torno de um esforço que o
partido faria para retardar o julgamento do mensalão no Supremo e, em último
caso, tentar amenizar a sua pena. "Prometeram não exatamente absolver, mas
diziam: 'Vamos segurar, vamos isso, vamos aquilo'... Amenizar", conta. Por
muito tempo, Marcos Valério acreditou que daria certo. Procurado, Okamotto não
se pronunciou.
Poder
"O Delúbio dormia no Alvorada"
DE OLHO
NO PASSADO - O ex-tesoureiro do PT, acusado de corrupção ativa e formação de
quadrilha, pediu a Valério que arrumasse uma empresa para “receber” dinheiro
ilegal(JB Neto/AE/VEJA)
Dos tempos em que
gozava da intimidade do poder em Brasília, Marcos Valério diz guardar muitas
lembranças. Algumas revelam a desenvoltura com que personagens centrais do
mensalão transitavam no coração do governo Lula antes da eclosão do maior
escândalo de corrupção da história política do país. Valério lembra das vezes
em que Delúbio Soares, seu interlocutor frequente até a descoberta do esquema,
participava de animados encontros à noite no Palácio da Alvorada, que não raro
servia de pernoite para o ex-tesoureiro petista. "O Delúbio dormia no
Alvorada. Ele e a mulher dele iam jogar baralho com Lula à noite. Alguma vez
isso ficou registrado lá dentro? Quando você quer encontrar (alguém), você
encontra, e sem registro." O operador do mensalão deixa transparecer que
ele próprio foi a uma dessas reuniões noturnas no Alvorada. Sobre sua
aproximação com o PT, Valério conta que, diferentemente do que os petistas
dizem há sete anos, ele conheceu Delúbio durante a campanha de2002. Quem
apresentou a ele o petista foi Cristiano Paz, seu ex-sócio, que intermediava
uma doação à campanha de Lula. A primeira conversa foi em Belo Horizonte,
dentro de um carro, a caminho do Aeroporto da Pampulha. Nessa ocasião, conta,
Delúbio lhe pediu ajuda. "Ele precisava de uma empresa para servir de
espelho para pegar um dinheiro." A parceria deu certo e desaguou no
mensalão. Hoje, os dois estão no banco dos réus. Valério se sente injustiçado.
Especialmente na parte da acusação que diz respeito ao desvio de recursos
públicos do Banco do Brasil. Ele jura que esse dinheiro não caiu no caixa da
corrupção. "No processo tem todas as notas fiscais que comprovam que esse
dinheiro foi gasto com publicidade. Não estou falando que não mereço um tapa na
orelha. Não é isso. Concordo em ser condenado por aquilo que eu fiz."
Empréstimo
"O banco ia emprestar dinheiro para uma
agência quebrada?"
Os ministros do STF já consideraram fraudulentos os
empréstimos concedidos pelo Banco Rural às agências de publicidade que
abasteceram o mensalão. Para Valério, a decisão do Rural de liberar o dinheiro
- com garantias fajutas e José Genoino e Delúbio Soares como fiadores - não foi
um favor a ele, mas ao governo Lula. "Você acha que chegou lá o Marcos
Valério com duas agências quebradas e pediu: 'Me empresta aí 30 milhões de
reais pra eu dar pro PT'? O que um dono de banco ia responder?" Valério se
lembra sempre de José Augusto Dumont, então presidente do Rural. "O Zé
Augusto, que não era bobo, falou assim: 'Pra você eu não empresto'. Eu
respondi: 'Vai lá e conversa com o Delúbio'. " A partir daí a solução foi
encaminhada. Os empréstimos, diz Valério, não existiriam sem o aval de Lula e
Dirceu. "Se você é um banqueiro, você nega um pedido do presidente da
República?" Foram essas mesmas credenciais palacianas, segundo ele, que
lhe abriram as portas no Banco Central para interceder pela suspensão da
liquidação extrajudicial do Banco Mercantil de Pernambuco, que interessava ao
Rural. Valério foi destacado para cuidar do assunto em Brasília. Uma tarefa
executada com todas as facilidades e privilégios. "Valério chegou lá no
Banco Central e foi atendido. Você acha que o Banco Central receberia um
imbecil qualquer, dono de uma agência de publicidade quebrada?"
"Nojento e vexatório"
Hugo Marques
EX:
TESTEMUNHA - Lucas Roque, ex-funcionário do
Rural: recibos escondidos pelo banco(Cristiano Mariz/VEJA)
superintendente do Banco Rural em
Brasília, Lucas da Silva Roque foi um dos principais colaboradores nas
investigações da Polícia Federal destinadas a desbaratar a quadrilha do
mensalão. Foi ele quem revelou onde estavam os recibos que mostraram quais políticos
receberam dinheiro para votar com o governo Lula no Congresso. Nesta
entrevista, Roque conta que pagou um preço alto por agir de forma correta e
relata um plano ambicioso urdido pela cúpula da instituição financeira em
parceria com José Dirceu. Eles queriam montar um banco popular, do qual Rural e
BMG seriam sócios, para conceder empréstimos consignados aos aposentados. Um
negócio companheiro e bilionário.
Por que o senhor decidiu ajudar a polícia? Não tinha nada a temer. Não entrei no jogo
deles, não sou bandido. Fui mandado para a agência do Rural em Brasília para
moralizá-la, porque ali estava uma bagunça. O que estava acontecendo no banco
era acintoso, nojento e vexatório. O delegado disse que queria todos os
documentos. Apontei onde estavam as caixas. Àquela altura, já estava tudo
encaminhado para fazer sumir as provas, mandando-as de Brasília para Minas
Gerais. Mostrei onde estavam os documentos e falei para o delegado que
procurasse papéis também numa construtora, que servia de almoxarifado do banco.
Como a diretoria reagiu à sua colaboração com a PF? Fui atacado de tudo quanto é jeito. Me colocaram
em um porão que não era uma agência bancária, depois em uma loja de shopping
que foi fechada por ser irregular. Pior, mandaram me avisar que eu estava
proibido de aparecer na diretoria do banco. Isso foi em outubro de 2005. Virei
a Geni. Fui demitido em agosto de 2010. Eu, minha esposa e meus filhos fomos
achincalhados na rua como mensaleiros. Tive sérios problemas de saúde, perdi
meu casamento.
O senhor tinha relação de proximidade com Marcos Valério. Ele
disse a algumas pessoas que teve um encontro com Lula na Granja do Torto.
Vários encontros. É verdade? Sim, ele
deixava para viajar para Belo Horizonte no sábado à noite para passar lá.
Levado por quem? Delúbio Soares, Silvinho Pereira e José Dirceu.
Quais eram os planos da cúpula do Banco Rural e dos petistas? Eles tinham um projeto de montar um banco
popular com a CUT. Juntariam o Banco Rural, o BMG, a CUT. Era um projeto com
capital de 1 bilhão de reais.
Quem capitaneava esse projeto? Eram os bandidos do mensalão. Como o PT não
tinha cultura bancária, o Rural e o BMG seriam sócios. Um banco privado com a
participação da CUT, que direcionaria todos os beneficiários do INSS para tomar
dinheiro em empréstimos consignados nessa instituição popular. Quando o
mensalão estourou, o projeto foi abortado.
FONTE REVISTA VEJA...